O meio de agosto é marcado pela solenidade da Assunção de Maria ao céu e é pena que no meio de uma informação tão plural já passa tão despercebida esta celebração da Igreja. Mas, na verdade, é o mês em que a maioria de nós se procura elevar também, para lá do que foi um ano cheio de trabalho, desafios e lutas.
As férias são um momento de elevação do espírito, que necessariamente necessita de o fazer, porque como diz aquela máxima que intitula uma das obras do Pe. Vasco Pinto Magalhães, sj, “só avança quem descansa”.
O descanso
E na consideração do que é o descanso, que o próprio Deus privilegiou no ato criador, importa encontrar formas de o consumar e de o efetivar. E hoje, no meio de tantas solicitações que nos rodeiam, talvez seja mais do que imperioso pensar no que nos ajuda a descansar e a elevar o espírito, porque hoje dispomos de algumas ferramentas que nos parecem ajudar a “distrair”, mas talvez nos consomem mais energias do que imaginamos.
Descansar e buscar a elevação obriga-nos a várias atitudes: parar, desligar; isolar-se; optar; romper com a rotina. Este talvez seja o primeiro e o mais importante passo para que aconteça. Se não soubermos dar lugar ao quebrar de rotinas, desligarmos de compromissos e dar tempo ao nosso “eu” não podemos buscar esse ascendente que tanto bem nos faz.
E depois, para além do parar: encontrar momentos de fruição e lazer que permitam que o nosso consciente e subconsciente assimilem que a vida é mais do que trabalho, mais que “dores e penas”, mais que desafios e agendas preenchidas.
É aí que entra a música que escutamos com ou sem auriculares, a mudança do espaço que nos permite a contemplação da Criação que é Casa Comum, a alimentação fresca e saudável, a leitura que nos transplanta para além da realidade que nos envolve, a oração que nos leva a unir o coração miserável à misericórdia do Deus do amor.
A elevação
É essa elevação do espírito que nos alimenta a esperança para as exigências que são futuro; é essa elevação que fundamenta a esperança maior que já se realizou em Maria: conhecer o Céu.
Espírito que se trabalha a si mesmo é fundamento para que o agora seja menos penoso e garantia de um depois total e pleno, junto d'Aquele que nos vai elevando e nos atrai para Ele. Elevar o espírito é sinal de temos já saudades do céu.
Padre Luís Freire